Anfíbios anuros da RPPN Fazenda Renópolis, Serra da Mantiqueira, Sudeste do Brasil

Nicolas José Dos Santos Fernandes

Trabalho de Graduação apresentado para obtenção do Título de Bacharel pelo Curso de Ciências Biológicas do Departamento de Biologia da Universidade de Taubaté,

 

Resumo

O objetivo deste estudo foi inventariar a fauna de anuros em ambientes de altitude na Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) fazenda Renópolis, município de Santo Antônio do Pinhal, São Paulo. As amostragens foram efetuadas entre agosto de 2018 e setembro de 2019, sendo realizadas semanalmente em cada um dos três ambientes: Área aberta, riachos e interior de mata. Foram registradas 23 espécies de anuros, 14 gêneros e 7 famílias: Brachycephalidae (n=2); Bufonidae (n=2); Hylidae (n=12); Hylodidae (n=2); Leptodactylidae (n=2); Odontophrynidae (n=2); Phyllomedusidae (n=1). Dentre os ambientes amostrados, área aberta foi o que apresentou maior riqueza de espécies (n=16), seguido do ambiente de interior de mata (n=5) e riacho (n=2). Os resultados revelaram que a região apresenta uma importante riqueza de espécies, representando 10% de representatividade da riqueza de espécies registradas para o estado de São Paulo e 33% das espécies presentes no Vale do Paraíba. O registro de Hylodes magalhaesi e Ischnocnema aff. holti são novos registros de ocorrências em localidades geográficas na Serra da Mantiqueira no estado de São Paulo. Este estudo irá fornecer informações para a melhor conservação dos anfíbios da RPPN.

Palavras-chave: Comunidades, anurofauna, serra da Mantiqueira.

Introdução

 

A Mata Atlântica é um bioma brasileiro e está distribuída em toda a porção leste do Brasil, abrangendo 17 estados brasileiros e sendo caracterizada como uma ilha florestada por estar situada entre os biomas Caatinga, Chaco e Cerrado (AB’ SABER, 1977). A elevada biodiversidade encontrada na Mata Atlântica é relacionada às características deste bioma, como grande extensão latitudinal e longitudinal, o que provoca uma heterogeneidade de seus habitats em relação ao solo, clima, temperatura, fauna e flora (VASCONCELOS et al., 2014). A Mata Atlântica possui o maior grau de endemismo e diversidade de anfíbios anuros do Brasil, sendo assim, considerada uma importante área de estudos não só para o estudo dos anfíbios mas para todos os outros grupo de organismos (MYERS et al., 2000; HADDAD et al, 2013). E com isso, pode ser considerado um dos biomas mais ameaçados devido à fragmentação de hábitat e mudanças climáticas, sendo essas as causas da redução da biodiversidade dos anfíbios anuros, que representam 40% das espécies de vertebrados presentes neste bioma (HADDAD et al., 2013; VANCINE, 2018).

A Serra da Mantiqueira apresenta uma grande diversidade de ecossistemas com diversas características de clima, relevo, formações vegetais e fauna e é formada por escarpas elevadas e morros, nos quais terminam no Vale do Paraíba, e pode ser dividida em: Serra da Mantiqueira Oriental e Serra da Mantiqueira Ocidental, sendo a primeira, presente entre os planaltos de Campos do Jordão e Santo Antônio do Pinhal (MYERS et al., 2000; BRAGA & ANDRADE, 2005). Sendo assim, a Serra da Mantiqueira é considerada uma importante área para conservação e estudos dos anfíbios anuros (CRUZ & FEIO, 2007).

Atualmente no Brasil, são conhecidas cerca de 1080 espécies de anfíbios. Destes, os anuros, que representam 1039 espécies conhecidas, são alocadas em 20 famílias e 90 gêneros. (SEGALLA et al., 2019).

Os anfíbios são considerados excelentes indicadores ecológicos de qualidade do ambiente devido a algumas características de sua biologia, como: a sua fisiologia ectotérmica, respiração cutânea, capacidade limitada à atividade diurna e a presença de ovos e larvas dependentes da água ou de ambientes úmidos (DUELMANN & TRUEB, 1994). A Dependência de ambientes úmidos é essencial para sua sobrevivência e reprodução, pois fazem a deposição dos ovos em ambientes aquáticos e apresentam ciclo de vida bifásico, uma fase larval com respiração branquial e uma adulta com respiração cutânea (HICKMAN et al., 2004; WELLS, 2007). 

Essa variedade grande de habitats promovem características específicas e isoladas que favorecem uma enorme quantidade de populações endêmicas com especializações fisiológicas e modos reprodutivos (HEYER et al., 1988).

Com a variedade de habitats, algumas espécies de anuros utilizam apenas ambientes lênticos (lagoas, lagos, brejos), enquanto outras utilizam ambientes lóticos (com a presença de água em movimento) como riachos (SANTORO & BRANDAO, 2014). O conhecimento da riqueza, abundância e da ocupação de hábitats da anurofauna da Serra da Mantiqueira é de extrema importância para gerar mecanismos de conservação, estabelecer áreas prioritárias que ainda não são protegidas e na elaboração de planos de manejo adequados em unidades de conservação compatíveis com a realidade de cada área estudada (COLOMBO et al., 2008).

As Reservas Particulares do Patrimônio Natural são unidades de conservação de uso sustentável criadas em propriedades privadas, de forma voluntária. As restrições a que estão sujeitas as tornam semelhantes às unidades de conservação de proteção integral. Desta forma, podem promover a conservação de seus habitats sem grandes intervenções humanas (DE LIMA & FRANCO, 2014).

Os inventários anurofaunísticos são importantes, pois acessam diretamente a diversidade de uma localidade, em um determinado espaço e tempo, colaborando com estudos de monitoramento ambiental para a conservação dos anuros no país, possibilitando conhecer melhor a dinâmica dessas populações e tornando-se um importante instrumento que permite reconhecer o real status de conservação das espécies. (SILVEIRA et al., 2010; VERDADE et al., 2012).

Objetivos

 

Objetivo geral.

Descrever a composição de espécies de anuros na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Renópolis.

 

Objetivos específicos

  • Estimar a riqueza de espécies
  • Descrever a distribuição espacial e temporal dos anuros em relação ao uso dos habitats.

 

Materiais e métodos

 

Área de estudo

A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Renópolis está localizada na estância climática de Santo Antônio do Pinhal (22° 48’ 21.1’’ S 45° 37’ 32.9’’ W), que está presente dentro da Serra da Mantiqueira, Sudeste do Brasil.

 

Amostragem

As coletas foram efetuadas de agosto de 2018 a setembro de 2019. Foram coletados três exemplares de cada espécie de anuro encontrada e os exemplares, em campo, foram acondicionados em sacos plásticos contendo vegetação e foram transportados até o Laboratório de Zoologia da Universidade de Taubaté. No laboratório, os espécimes foram identificados por um especialista e eutanasiados com uso de anestésico Xylestesin (cloridato de lidocaína 2%).

As metodologias utilizadas para as amostragens de anuros foram: a) Busca ativa, a qual consiste na procura de anfíbios em troncos, pedras, bromélias, ocos de árvores. b) Amostragem em sítios reprodutivos: Orientada pela procura de anfíbios em sítios reprodutivos como lagoas, brejos e riachos.

 

Resultados

 

Composição de espécies

A anurofauna da RPPN Fazenda Renópolis está representada por de 23 espécies distribuídas em sete famílias e quatorze gêneros. A família Hylidae apresentou maior riqueza com cinco gêneros e doze espécies: Aplastodiscus arildae, Aplastodiscus perviridis, Boana faber, Boana pardalis, Boana polytaenia, Boana prasina, Bokermannohyla luctuosa, Dendropsophus elegans, Dendropsophus minutus, Scinax aff dolloi, Scinax aff duartei e Scinax hiemalis.

As outras onze espécies pertencem a seis famílias: Bufonidae (n=2); Brachycephalidae (n=2); Hylodidae (n=2); Leptodactylidae (n=2); Odontophrynidae (n=2); Phyllomedusidae (n=1), (Tabela 1).

Distribuição espacial

A distribuição espacial das espécies registradas na RPPN Fazenda Renópolis foi determinada com base nos três ambientes amostrados: Ambiente 1: área aberta; Ambiente 2: interior de mata e, ambiente 3: riachos. Área aberta foi o ambiente com maior riqueza de espécies (n=16), correspondendo a 69,5% dos registros para a região da RPPN.

Para o interior de mata e riachos as riquezas de espécies foram semelhantes, com cinco e duas espécies registradas, respectivamente, correspondendo a 21,7% de ocorrência para interior de mata e 8,8% de ocorrência para riachos

Bokermannohyla luctuosa foi a espécie que foi registrada em todos os ambientes amostrados. As espécies Ischnocnema aff. guentheri, Rhinella icterica, Odontophrynus sp. foram registrados nos ambientes de área aberta e interior de mata. Aplastodiscus arildae e Proceratophrys itamari foram registradas nos ambientes de riacho e interior de mata.

As espécies da família Hylodidae foram as únicas a serem encontradas exclusivamente em riachos. Quinze espécies, de cinco famílias (Bufonidae, Hylidae, Leptodactylidae, Phyllomedusidae e Brachycephalidae) foram também observadas em apenas um tipo de ambiente, Área aberta: Rhinella ornata, Aplastodiscus perviridis, Boana faber, Boana pardalis, Boana polytaenia, Boana prasina, Dendropsophus elegans, Dendropsophus minutus, Scinax aff. dolloi,Scinax aff. duartei, Scinax hiemalis, Leptodactylus latrans, Physalaemus olfersii e Pithecopus rohdei. Ischnocnema aff. guentheri foi registrado somente em interior de mata,

 

Discussão

 

Composição de espécies

Segundo Rossa-Feres et al. (2011), são conhecidos 236 espécies de anfíbios, das quais 230 são anuros pertencentes a 13 famílias e 45 gêneros no estado de São Paulo. A riqueza de anuros encontrada na RPPN Fazenda Renópolis, com o registro de 23 espécies representa 10% da anurofauna presente no estado de São Paulo.

Para a região do Vale do Paraíba, representada pelo domínio morfoclimático Mata Atlântica, apresentando duas cadeias de montanhas conhecidas como Serra da Mantiqueira e Serra do Mar, região que é centrada pelo Vale do Paraíba, sendo o principal eixo de ligação entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais são conhecidas 70 espécies de anfíbios anuros (MARTINS & GOMES, 2007).

 A riqueza de anuros encontrada na RPPN Fazenda Renópolis, com o registro de 23 espécies representa 33% de toda a anurofauna presente no Vale do Paraíba.

A região do Pico dos Marins, localizada entre os municípios de Piquete, SP e Marmelópolis - MG, que atinge sua maior altitude em 2421m, possui uma grande diversidade de anfíbios anuros. Segundo Juares (2011), foram registradas 32 espécies de anfíbios anuros ao longo de 23 meses de trabalho na região.

Dentre as 32 espécie encontrada por Juares (2011), foi registrada a presença de 8 espécies que também ocorrem na RPPN Fazenda Renópolis, em Santo Antônio do Pinhal, o que representa 25% das espécies amostradas por Juares (2011). Esta semelhança na riqueza de espécies encontrada entre o presente trabalho e o trabalho realizado por Juares (2011) provavelmente está relacionado com a distância geográfica encontrada entre as duas localidades, 52km em linha reta e relacionada com os métodos de amostragem que para o estudo na região dos Marins foram focados para o ambiente de interior de mata. As espécies que ocorreram em ambos as localidades foram: Rhinella icterica, Aplastodiscus perviridis, Boana faber, Bokermannohyla luctuosa, Dendropsophus elegans, Dendropsophus minutus, Scinax hiemalis, Leptodactylus latrans.

A Serra do Japi situa-se nas proximidades do município de Jundiaí, sudeste do estado de São Paulo. É uma importante reserva ambiental situada por se tratar de uma área de transição entre a floresta ombrófila e as florestas estacionais semidecíduas do Planalto Paulista, ela abriga grande diversidade de espécies representantes desses dois ecossistemas (MACHADO JR & SANTORO, 1992).

Segundo Ribeiro et al.(2005), foram registradas 31 espécies de anfíbios anuros ao longo do trabalho realizado na Serra do Japi, sendo os representantes da família Hylidae os mais abundantes.

Em relação ao presente estudo, foram registradas 8 espécies que também ocorrem na Serra do Japi, representando assim cerca de 25,8% das espécies registradas por Ribeiro et al. (2005). Tais dados mostram a ampla distribuição dessas espécies, mostrando também uma maior representatividade da família Hylidae. Rhinella icterica, Rhinella ornata, Aplastodiscus arildae, Boana faber, Boana prasina, Bokermannohyla luctuosa, Dendropsophus minutus, Scinax hiemalis foram as espécies encontradas em ambas as localidades.

Segundo Nomura (2008) foram registradas 29 espécies de anfíbios anuros ao longo do trabalho realizado no município de Atibaia. Ao relacionar às 23 espécies registradas no inventário realizado na RPPN Fazenda Renópolis, 10 espécies ocorrem em ambas localidades, representando cerca de 43,4% das espécies registradas por Nomura (2008) no município de Atibaia. As espécies que ocorreram em ambos as localidades foram: Aplastodiscus arildae, Bokermannohyla luctuosa, Dendropsophus minutus, Ischnocnema aff. guentheri, Hylodes aff. sazimai, Boana faber, Boana polytaenia, Boana prasina, Leptodactylus latrans e Physalaemus olfersii

Segundo Ceruks (2010), durante os dois anos de amostragem realizados no município de Monteiro Lobato, com altitudes variando entre 730m e 1050m acima do nível do mar e localizado na Serra da Mantiqueira, foram registradas 34 espécies de anfíbios anuros distribuídos em 17 gêneros e 11 famílias.

Ao relacionar com as 34 espécies registradas no inventário realizado na RPPN Fazenda Renópolis, foram registradas 16 espécies que ocorrem nas duas localidades representando cerca de 70% das espécies registradas por Ceruks (2010) no município de Monteiro Lobato. Esta semelhança na riqueza de espécies encontrada entre o presente trabalho e o trabalho realizado por Ceruks (2010) provavelmente está relacionado com a distância geográfica encontrada entre as duas localidades, 20km em linha reta, a semelhança nos métodos de amostragem e de ambientes (área aberta, riachos e interior de mata).

As espécies que ocorreram em ambos as localidades foram: Rhinella ornata, Rhinella icterica, Ischnocnema aff. guentheri, Aplastodiscus arildae, Bokermannohyla luctuosa, Dendropsophus elegans, Dendropsophus minutus, Boana faber, Boana pardalis, Boana polytaenia, Boana prasina, Pithecopus rohdei, Scinax hiemalis, Hylodes aff. sazimai, Physalaemus olfersii e Leptodactylus latrans.

 

Distribuição espacial

Com o estudo realizado durante dois anos por Giasson (2008) dentro do Núcleo Santa Virgínia, localizado no município de São Luis do Paraitinga e presente no Parque Estadual da Serra do Mar (PESM) – estado de São Paulo, foram registradas a ocorrência de 50 espécies de anfíbios anuros, representantes de 12 famílias e 22 gêneros. Segundo Giasson (2008), os anfíbios registrados tiveram uma grande diversidade na ocupação de diferentes ambientes, tendo como uma maior riqueza de espécies sendo encontradas em áreas de interior de mata e sub-divisões como riachos em interior de mata, serrapilheira e bromélias no interior de mata.

Com o trabalho realizado por Giasson (2008) pode-se concluir que a grande extensão do tempo de amostragem pode influenciar sobre a riqueza de espécies encontradas em uma área devido à sazonalidade de algumas espécies.

Segundo Ceruks (2010), dentre as 34 espécies registradas durante os dois anos de amostragem, o ambiente de área aberta foi o ambiente mais utilizado pelos anfíbios (n=20), número maior do que registrado no ambiente de interior de mata(n=9). Informações são semelhantes quando comparadas ao inventário realizado na RPPN Fazenda Renópolis, que apresentou uma grande maioria das espécies registradas em ambiente de área aberta (Lagoas e brejos).

Segundo Cunha et. al. (2010), das 32 espécies distribuídas em 10 famílias e 17 gêneros registrados durante 12 meses de amostragem na Colônia Castelhanos, localizada no município de São José dos pinhais, estado do Paraná, em uma Área de Proteção Ambiental Guaratuba (25°47,968’S, 48°54,664’O), onde foram registradas 20 espécies em ambiente de interior de mata e somente 16 espécies foram encontrados em área aberta, sendo que algumas espécies foram encontradas nos dois ambientes amostrados, mostrando assim um resultado diferente do encontrado no presente trabalho, no qual foram obtidos registros de uma maior riqueza de espécies ocorrendo em ambiente de área aberta. A ocorrência de uma maior quantidade de espécies nas categorias de área aberta pode estar relacionada ao fato de que as regiões de transição entre floresta e área aberta favorecem a expansão da distribuição de espécies (LIMA & GASCON, 1999)

A heterogeneidade de ambientes encontrados em diversos trabalhos pode ser promovida pelos diferentes estágios de regeneração atual da mata e pela exposição a fatores de perturbação como o desmatamento e antropização (PEDRO & FEIO, 2010). Em área de transição ecológica é esperado uma maior riqueza por ela possibilitar a ocorrência de espécies com grandes amplitudes ecológicas e uso variável de diversos ambientes (CONNEL, 1978).

Em relação ao inventário realizado na RPPN Fazenda Renópolis, o fato de que a maioria das espécies ter sido encontrada em ambientes de área aberta (lagoas e brejos) pode estar relacionado com alguns fatores como tempo de amostragem, tipo de metodologia usada e tipo de área escolhida (PEDRO & FEIO, 2010). Além de fatores que contribuem para a estruturação das comunidades de anuros como a competição entre as espécies, a predação, a filogenia e restrições herdadas (GIASSON, 2008).

A baixa riqueza de espécies encontradas no ambiente de interior de mata pode ser consequência da não utilização de armadilhas de interceptação e queda, metodologia eficaz para a amostragem de anfíbios em áreas de interior de mata, como comprovada pelo registro de 20 espécies neste ambiente feito por Cunha et al. (2010).

           

Distribuição temporal

A diversidade de anfíbios é fortemente correlacionada com o período de umidades elevadas, devido à sua pele permeável e a alta dependência de ambientes úmidos para a deposição de seus ovos, sobrevivência dos girinos, sobrevivência de algumas espécies que vivem no ambiente aquático, obtenção de alimento, e com isso, as espécies dependentes da umidade são mais abundantes em períodos com índices pluviométricos maiores (Duellman & Trueb, 1994).

No presente estudo, a maioria das espécies ocorreu, predominantemente durante o período de umidade mais elevada, corroborando com o observado em outras localidades de sazonalidade (Ribeiro et al., 2005; Giasson, 2008; Nomura, 2008; Ceruks, 2010; Cunha et al., 2010; Juares, 2011 e Rossa-Feres et al. 2011).

A sobreposição temporal foi mais intensa no período chuvoso, quando as características ambientais oferecem condições ideais para a reprodução da grande maioria das espécies. Em alguns casos, essa sobreposição só ocorre devido aos modos reprodutivos distintos e até mesmo a utilização dos mesmos ambientes (Toledo et al. 2003).

Algumas espécies apresentaram o período reprodutivo restrito temporalmente, enquanto outras entraram em atividade de vocalização mais de uma vez ao longo do ano. Segundo Morin (1987), não é claro o porquê algumas espécies são mais rígidas quanto ao seu período reprodutivo enquanto outras se mostram mais flexíveis.

 

Considerações finais

O registro de Hylodes magalhaesi, Ischnocnema aff. holti e são novos registros de ocorrências em localidades geográficas na Serra da Mantiqueira no estado de São Paulo.

Com o registro de 23 espécies para a localidade da RPPN Fazenda Renópolis, localizada no município de Santo Antônio do Pinhal, sudeste de São Paulo, pode-se considerar a área como importante para o estudo dos anfíbios anuros e também uma área para a elaboração de métodos de conservação de fauna e flora da região do Vale do Paraíba, pois representa cerca de 33% das espécies registradas na região. Mesmo representando apenas 10% das espécies registradas para o estado de São Paulo, a região onde se encontra a RPPN Fazenda Renópolis é caracterizada como uma área importante, pois retrata uma riqueza de espécies considerável para a região da Serra da Mantiqueira. Portanto, este estudo irá fornecer informações para a melhor conservação dos anfíbios da RPPN e região.

A Semelhança de fauna de anuros registrada neste estudo em relação a outras localidades comparadas, provavelmente, se deve a distância geográfica presente entre as mesmas.